A live contou com a participação da Dr. Jéssica Mendes, que respondeu às perguntas mais recorrentes sobre o tema
A Câmara realizou na noite da última quarta-feira, 13, uma live com o tema “Câncer de Mama: conhecer para combater”, que teve como convidada a Dr. Jéssica Mendes, mastologista, formada pela Universidade Federal do Maranhão e membro da Sociedade Brasileira de Mastologia.
Durante a live, mediada pelo psicólogo e servidor da Câmara Mauro Brandão, foram respondidas as perguntas mais recorrentes sobre a doença que, hoje, atinge 1 a cada 8 mulheres ao redor do mundo. Confira abaixo os principais tópicos debatidos.
O que é o câncer de mama?
O câncer de modo geral é um grupo de células que têm a capacidade de se multiplicar desordenadamente e pode ocorrer em várias partes do corpo, incluído mama e axilas. De modo geral, são assintomáticos na fase inicial.
Porém, a tendência é que esses sintomas vão se manifestando a medida em que a doença vai avançando. Eles podem ser: caroços na mama e nas axilas, inchaço, vermelhidão, mudança de textura no local e secreção. Quando detectado algum deles o paciente deve ser avaliada imediatamente por um profissional.
Em quem e em qual faixa etária incide?
No caso deste tipo de câncer, a incidência é maior em mulheres durante a quarta e quinta década de vida. No entanto, de forma rara, ele pode ser diagnosticado em homens acima dos 50 anos.
Pessoas com as mutações BRCA 1 e 2, possuem chances maiores de desenvolver a doença, mas diferente do que a maioria pensa, apenas 10% dos casos diagnosticados vêm de herança genética. Os outros 90% são causados por mutações genéticas não hereditárias.
Como prevenir?
Existem dois tipos de prevenção contra o câncer de mama: primária e secundária. A primária atua no controle de fatores que podem aumentar as chances de desenvolvimento da doença, como peso corporal adequado, prática de atividades físicas regulares, o ideal seria de 150 a 300 minutos por semana, e o não consumo de bebidas alcóolicas. Pesquisas do INCA, apontam que 1/3 dos casos de câncer de mama poderiam ser evitados se essas três recomendações fossem observadas.
Quanto a prevenção secundária, trata do diagnóstico precoce. A medida que o câncer se desenvolve, menores são as chances de cura. O ideal seria que ele seja detectado ainda no início, por meio de exames de rotina como a mamografia, que deve ser realizada anualmente em mulheres a partir dos 40 anos ou a partir dos 20 anos para aquelas que possuem histórico familiar da doença. A OMS afirma que se pelo menos 70% do público-alvo fizesse seus exames de rotina, haveria uma redução de 30% na taxa de mortalidade por câncer de mama.
Existem medicamentos preventivos?
Sim e não. Como vimos os exames de imagem são o pontapé da investigação, mas o diagnóstico final só é possível pela biopsia, exame que revelará a natureza da anomalia. Existem alguns casos em que a partir da biopsia é possível utilizar a quimioprofilaxia, ou seja, o uso de medicamentos preventivos. No entanto, tratam-se de casos específicos, não recomendado para a maioria da população.
O uso de anticoncepcional ou de reposição hormonal aumenta chance do câncer de mama?
Esse foi um questionamento enviado por um dos espectadores da live e também um dos que a mastologista Jéssica Mendes mais recebe. Estudos apontam que não existe relação entre o câncer de mama e o uso de anticoncepcional, no entanto, no caso da reposição hormonal existem, sim, estudos que estabelecem essa relação, especialmente quando essa reposição é superior aos 5 anos.
Qual ou quais os tratamentos?
O tratamento será ministrado de acordo com quadro de cada paciente. Ele poderá envolver cirurgia para a retirada parcial, ou em alguns casos total, da mama, acompanhado ou não de quimioterapia. A chance de cura para os cânceres detectados no início são de até 95%.
A família possui um papel fundamental durante o tratamento do câncer de mama. Para o paciente oncológico a descoberta da doença é um momento de fragilidade física e emocional, por isso, a importância do apoio da família e de bons profissionais.
Qual o impacto da pandemia nos casos de câncer de mama?
Os mastologistas falam que, hoje, estão diagnosticando os tumores da pandemia. A imposição de medidas restritivas, como o lockdown, impactaram diretamente a número dos exames de rotina.
Dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, por exemplo, revelaram queda de até 70% nas cirurgias de câncer de mama, no Maranhão, sobretudo nos meses de abril e maio de 2020. Aproximadamente, quatro mil casos deixaram de ser diagnosticados durantes os períodos mais intensos da pandemia afirmou a Dr. Jéssica Mendes.
Por que discutir o câncer de mama?
O câncer de mama está mais próximo do que imaginamos. Por isso, é importante suscitar cada vez mais o tema, desmistificando-o e incentivando as pessoas a praticarem o autocuidado. No Brasil, apenas 20-30% do público-alvo realizam os exames de rotina. Daí a necessidade das pessoas atuarem como agentes de informação para que esses casos sejam descobertos o quanto antes.