Entre as últimas conquistas do Movimento Negro, em São Luís, está a Frente Parlamentar Negra aprovada esta semana na Câmara
Neste sábado, 20, comemora-se o Dia da Consciência Negra. Na última quarta-feira, dia 17, a Câmara Municipal de São Luís fez um grande avanço no combate ao racismo com a aprovação da Frente Parlamentar em Defesa da Promoção da Igualdade Étnico-Racial. A iniciativa reforça a luta do Movimento Negro, na cidade, contra o preconceito e a discriminação.
Criado em 2003, no âmbito das escolas e instituído nacionalmente de forma oficial em 2011, o dia 20 de novembro reflete sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. Por isso, a autora da proposição que deu origem à Frente Parlamentar, Silvana Noely (PTB), avalia que a aprovação do grupo será um importante mecanismo de ampliação das políticas públicas afirmativas no nosso município.
“O objetivo da frente é promover o debate e a defesa dos nossos direitos nas seguintes áreas: educação, cultura, saúde integral da população negra, acesso ao mercado de trabalho e às modalidades esportivas e aparelhos culturais, preservação da vida, religiosidade, dentre outros”, declarou Noely.
O Movimento Negro revigora, em São Luís, a partir de 1979 com a criação do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN/MA) e do Bloco Akomabu. De lá pra cá, o movimento não parou mais, afirma Walterlow Correa, presidente do Conselho Municipal das Populações Afrodescendentes (Comafro).
Walterlow afirma ainda que o sonho da criação de uma frente parlamentar negra ludovicense é antigo, data de 2006. Entre idas e vindas, ele volta a ser pautado pelo ex-vereador Batista Matos, em meados de 2021, e agora segue encabeçado por Noely em parceria com o Comafro e outras organizações do movimento.
“Precisamos avançar em políticas públicas para que a gente saia da invisibilidade, para que alcancemos a igualdade racial e social. Felizmente, de Batista à Silvana, todos assimilaram a importância dessa frente parlamentar”, afirmou Correa.
A Frente Parlamentar em Defesa da Promoção da Igualdade Étnico Racial reunirá tanto o poder público, quanto membros da sociedade civil organizada. Ela segue em processo de elaboração do seu estatuto. O objetivo é que seja aprovado antes do recesso parlamentar em 22 de dezembro.
Consciência Negra
Silvana Noely explica a consciência negra como a compreensão que o sujeito negro tem de si em relação ao mundo. Ela afirma que alguns a adquirem de berço, outros vão adquirindo-a a partir das situações do dia a dia que evidenciam a dura realidade
do racismo. A parlamentar revela que já o experimentou e que, infelizmente, tais situações são mais comuns do que se imagina.
“A maioria não vai entender, pois um branco não é convidado a amarrar o seu cabelo em uma entrevista de emprego ou a encaracolá-lo por ele ser liso ou por que um rapaz negro é convidado a cortar seu black power. Por isso, nós já estudamos um projeto de lei que permita aos negros utilizarem, nas repartições públicas, o cabelo no qual se sentirem representados”, frisou.
Para Walterlow Correa, celebrar o 20 de novembro simboliza celebrar a continuidade da luta e os esforços de líderes como Zumbi dos Palmares que no seu quilombo já aspirava a sociedade que almejamos para o afrodescendente brasileiro. O presidente do Comafra, defende uma luta supra partidária, buscando sempre o melhor para o povo negro.
“Quando o povo negro foi liberto pela princesa Isabel, ele foi “liberto” para morar na rua, nas favelas, nos cortiços, debaixo das pontes, perto dos esgotos. Nós não fomos libertos para ter privilégios. Tudo o que conquistamos foi a base de luta, somos pelo menos 15 instituições organizadas. Por isso, hoje é o dia de engrandecer nossa força”, concluiu.