Discurso citou o caso do PM Carlos Bahia Santos que denunciou ter sido vítima de homofobia e tortura pelos próprios colegas de corporação, na cidade de Açailândia.
Texto: Mirlene Bezerra
O co-vereador Jhonatan Soares, do Coletivo Nós (PT), subiu à tribuna da Câmara Municipal de São Luís nesta terça-feira (22), para falar da cultura do atraso na sociedade e nas instituições, tomando como exemplo o caso do policial militar Carlos Bahia Santos, de 31 anos, que denunciou ter sido vítima de homofobia e tortura pelos próprios colegas de corporação, na cidade de Açailândia.
“Eu falei na semana passada, entre muitas aspas, da pseudo tentativa de suicídio do PM. Na verdade, a investigação vai correr, a Secretaria de Segurança já está tratando dessa situação, mas o Carlos Bahia não tentou suicídio”, disse o parlamentar, ressaltando que o rapaz era é gay declarado, que morava com seu companheiro e passou no concurso para a Polícia Militar na cidade de Açailândia, tendo sido torturado e assassinado pelos colegas de farda, talvez, segundo ele, pelo obscurantismo do atraso e do preconceito.
Jhonatan lembrou do sociólogo Jessé Souza, quando falou sobre a “elite do atraso”, que seria uma sociedade que tem a identidade fincada na cultura da corrupção, da falta de transparência e do “jeitinho”, que muitas vezes impede que esta possa avançar, alcançando todas as esferas. “Acredito que não existe um espaço mais atrasado do que o nosso judiciário brasileiro”, falou, acrescentando que é uma casta cheia de privilégios, que julga a sociedade de acordo com o seu entendimento e sem poder ser questionado.
Neste aspecto, o co-vereador também citou o Legislativo Municipal: “A gente, de primeiro mandato, chega aqui cheio de vontade, achando que vai causar uma revolução e se depara com uma casa atrasada”. O parlamentar acredita que o principal atraso do Parlamento Municipal, que paralisa seus integrantes, é a ideia de achar que sempre foi assim e que deve permanecer da mesma forma. “Nós hoje, que estamos aqui, somos convidados a mudar essa história. Enquanto nós nos permitirmos nos deixar paralisar, esta história vai permanecer a mesma de há 400 anos”, pontuou.
Em nome do Coletivo Nós, o vereador ainda lamentou a morte do servidor da casa José Augusto de Castro, que morreu recentemente, vítima de um infarto. “Seu Augusto, garçom desta casa, que durante décadas, não serviu aos vereadores, serviu à cidade de São Luís”, concluiu Jhonatan, acrescentando que falava também em nome dos demais vereadores e de todos que já passaram pela casa. Ele solicitou ao presidente Paulo Victor (PSDB) que dê à copa do Legislativo Municipal o nome do servidor.