Autoridades municipais e sociedade civil organizada discutiram demandas relacionadas ao tema
A Câmara Municipal de São Luís realizou, na manhã desta sexta-feira (03/12), audiência pública com o tema “prevalência e fatores associados a transtorno psicológicos em tempos de pandemia” visando debater as políticas públicas para o setor, os impactos na saúde mental da população e as ações voltadas para a prevenção de distúrbios psíquicos.
A ocasião foi requerida pelo vereador Ribeiro Neto (PMN) e presidida pelo vereador Aldir Júnior (PL), contando com o vereador Gutemberg Araújo (PSC) na secretaria dos trabalhos. A mesa de honra teve a Dra. Larissa de Mesquita Ribeiro Alencar, coordenadora de saúde mental, representando a Secretaria Municipal de Saúde (Semus); a promotora Cristiane Lago, representando o Ministério Público; e o professor Marcos Roberto, coordenador de Projetos da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), órgão ligada à Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) no Maranhão.
No formato híbrido – virtual e presencial –, o evento foi transmitido ao vivo pelo canal da Câmara no Youtube e a população pode participar por meio das redes sociais da Casa. Além das propostas, autoridades discutiram os problemas socioeconômicos agravados pela Covid-19.
“Sou um vencedor”
O vereador Ribeiro Neto agradeceu a oportunidade de um debate qualificado e a disposição de trabalhar para melhorar a saúde mental da população ludovicense. Ele contou de uma experiência vivenciada e explicou os motivos que o levaram a propor o encontro para discutir o tema no legislativo.
“Hoje é um dia muito especial pra mim, né? E, sem vergonha alguma, digo a vocês que já sofri de depressão e tive marcas que fizeram pensar coisas ruins para minha própria vida. Por conta disso, hoje posso me considerar um vencedor diante de todas as adversidades, de todas as dificuldades e todas as barreiras que a vida me apresentou. E, hoje, estar aqui podendo representar mais de 1,2 milhão pessoas, representar uma cidade multicultural, composta por uma sociedade diversa com várias vertentes, eu me sinto muito honrado e um vencedor”, declarou.
Em seu pronunciamento, o parlamentar também lamentou o congelamento de verbas, ao mesmo tempo que a população aumenta e as doenças também. Além disso, o vereador também falou do preconceito que as pessoas têm sobre os cuidados com a
Saúde Mental, que vem diminuindo desde 2001 com a criação de uma política voltada para discutir o assunto.
Coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Direitos Humanos do MPMA e da Rede do Bem, a promotora de justiça Cristiane Maia Lago destacou a importância de debater temas relacionados à prevenção do suicídio e da automutilação.
“Esta atividade tem o objetivo de destacar a importância do bem-estar e melhoria da qualidade de vida da população, conforme ressalta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Todas as discussões realizadas aqui contribuem também para a saúde emocional e mental da população. Por isso, estamos aqui para reafirmar nossa ideia de promover a prevenção à automutilação e ao suicídio de forma efetiva. A nossa luta deve ser diária e não poder se resumir ao Setembro Amarelo”, afirmou.
Parceria para ampliar
Em seguida, o professor Marcos Roberto enfatizou a importância da audiência, comentou sobre o trabalho desenvolvido pela ADRA neste sentido e afirmou que é uma luta que deve ser tratada com muita atenção tanto pelo poder público quanto pelas instituições da sociedade.
“Consideramos que são temas de altíssima relevância para todos nós. A pandemia trouxe o agravamento da saúde mental em todas as famílias e, fora isso, temos outros fatores que contribuem para que esse tema seja observado com muita atenção. O Poder Público não consegue fazer nada sozinho. E a gente se enche de alegria quando vemos ações como as que a ADRA promove”, frisou.
Tratar para prevenir
Durante a solenidade, vários especialistas destacaram a importância de tratar transtornos mentais para prevenir, inclusive, de situações que se agravaram com a pandemia. Na opinião da psicóloga Karen Gomes, a prevenção também deve envolver novas estratégias.
“Temos dados muito claros de que a pandemia trouxe um agravante à questão. Além disso, a prevenção também deve envolver novas estratégias. É por isso que estou aqui para somar nessa luta”, declarou.
Encaminhamentos
Após o debate, ficou sugerida uma proposta cuja ideia é apresentar dados da rede psicossocial da capital, visando contextualizar a realidade e os desafios de atendimento, definindo diretrizes da construção do Plano Municipal de Saúde Mental para fortalecer e ampliar o atendimento psicossocial no município, além da articulação com outras políticas públicas.
Isso porque, segundo ficou claro no ato, a prevenção passa pelo diagnóstico e tratamento das doenças mentais. Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria
estimam que 96,8% dos casos estão relacionados a transtornos mentais, sendo a depressão a doença mais associada ao suicídio, além dos transtornos psicóticos, de personalidade, de ansiedade e do abuso de substâncias, especialmente, álcool e drogas.
Convidados
Além dos presentes, também foram convidados para participar da discussão a psicóloga Celine Oliveira, Valéria Lima, do Ministério da Mulher, Criança e Adolescente da Igreja Adventista do Sétimo Dia; Emanuelle Heredita, psicóloga da ADRA; chefe do escritório do UNICEF em São Luís, Ofélia Silva; Kim Soares, diretor geral do Centro de Saúde Antônio Carlos Sousa Reis, dentre outros.