Psicólogos explicam os múltiplos fatores que envolvem o suicídio, abordam sinais de alerta e fazem recomendações sobre como proceder em casos que possam preceder o ato
Nesta sexta-feira, dia 10, é o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio (DMPS). Nesse sentido, é importante esclarecer a população sobre o tema com o objetivo de contribuir para a redução dos índices de suicídio na sociedade.
Para o psicólogo da Câmara Municipal, Ruan Ferreira, a abordagem que a Psicologia faz acerca do suicídio é complexa. “A abordagem que a Psicologia deve dar a esse fenômeno é de pensá-lo de forma multideterminada. O ato ocorre dentro de uma sociedade marcada por desigualdades estruturais, problemas sociais, políticos e econômicos. Não há como abordar o fenômeno suicídio sem pensar em todos esses aspectos. O suicídio é uma questão de saúde pública, devendo ser considerado como uma questão de toda a sociedade e não apenas de um indivíduo”, explicou.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio continua sendo uma das principais causas de morte no mundo. No relatório “Suicide worldwide in 2019” (Suicídio no mundo em 2019), publicado em junho de 2021, foi mostrado que mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio em 2019 – o que representa uma em cada 100 mortes.
Dia Mundial – Com o objetivo de aumentar a conscientização da população mundial sobre a prevenção ao suicídio, foi criado, em 2003, o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio (DMPS), a ser celebrado no dia 10 de setembro. A construção de políticas públicas nas mais diversas áreas pode ser um meio para prevenir suicídios.
“Entende-se o suicídio como fenômeno multifatorial e vários fatores de risco estão associados à prevalência desse fenômeno, como fatores sociais/ambientais, prevalência de transtornos mentais, fatores culturais. Logo, podemos pensar de maneira ampla em políticas públicas voltadas, por exemplo, à Educação, ao Trabalho e Renda, ao Saneamento Básico, à Saúde, dentre outros, pois são áreas cujas ações contribuem para proteção, promoção da saúde e do bem-estar da população, de acordo com os determinantes e condicionantes de saúde disposto na política do SUS”, explanou Mauro Brandão, também psicólogo da Câmara.
Sinais – Alguns sinais manifestados pelas pessoas podem preceder suicídios. Por essa razão, é importante ficar alerta e buscar por profissionais aptos para lidar com a questão o mais rápido possível.
“A literatura apresenta que a maioria dos suicídios são precedidos por sinais discretos de comportamento ou verbais que podem ser: aparecimento ou piora de problemas de comportamento ou de manifestações verbais que, neste caso, não devem ser entendidas como ameaça ou chantagem emocional, mas como alerta; falta de esperança e preocupação com sua morte e vale ser dito elas que podem aparecer em forma escrita, verbal ou em desenhos; expressar ideias ou intenções suicidas, como ‘vou desaparecer’, ‘vou deixar vocês em paz’; isolamento, como, por exemplo, reduzir frequência em redes sociais, sair menos, não atender telefonemas; ter sentimentos de desesperança, desespero e desemparo”, elencou Mauro Brandão
“Quando identificados tais sinais, é importante que familiares e amigos não ignorem a situação, não deslegitimem o problema ou deem falsas garantias. É recomendado que a pessoa proceda com empatia, escute o outro, leve a situação de risco a sério, forneça apoio naquilo que puder oferecer e auxilie na busca por ajuda profissional”, completou.
Câmara – A realização de atendimentos psicológicos é uma ação da Câmara Municipal que está em acordo com a campanha Setembro Amarelo, que objetiva chamar atenção da sociedade para os cuidados com a saúde mental.
Uma das iniciativas é do Departamento de Recursos Humanos e consiste no projeto “Espaço de Escuta” que tem como proposta disponibilizar um espaço de fala e acolhimento psicológico aos servidores do Legislativo Municipal. Os interessados neste atendimento devem se dirigir ao setor e procurar um dos psicólogos. O atendimento ocorre por agendamento de data e horário.