Assunto entrou em pauta porque nesta semana há 4 datas que possibilitam reflexão sobre inclusão
Nesta semana estão inclusos o Dia da Luta Nacional das Pessoas com Deficiências (21), o Dia Nacional do Atleta Paralímpico (22), o Dia Mundial das Línguas Gestuais (23) e o Dia Nacional do Surdo (26), datas que possibilitam reflexão sobre inclusão de deficientes na sociedade. Por conta disto, o Coletivo Nós (PT), por meio da co-veradora Eunice Che, abordou o tema e a contribuição que o Legislativo pode dar para que se tenha uma cidade mais inclusiva.
Vale ressaltar que Eunice Che tem uma filha com deficiência auditiva, é intérprete de Língua Brasileiras de Sinais (Libras) e a mãe possui dificuldade de locomoção. A partir do conhecimento de quem vivencia com proximidade a rotina de pessoas com deficiência, a co-vereadora iniciou a fala com críticas ao Governo Federal.
“O presidente da República tratou os nossos alunos que têm deficiência ou limitações de forma muito discriminatória. Ele disse que a inclusão social nas salas de aulas deixa os alunos que ouvem, falam e enxergam com a inteligência menor. Ele ainda disse que inclusão social e a convivência na sala de aula atrasa o desenvolvimento das outras crianças. Para nós, parlamentares, isso é cúmulo do absurdo, pois a vida toda nós lutamos pela questão da inclusão das pessoas com deficiência na sociedade e, nesse momento, ele nos trata de forma bastante cruel. Não aceitamos isso enquanto parlamentares. Nós defendemos essa bandeira da inclusão. É uma das 13 que foram construídas junto com a população de São Luís”, complementou Eunice Che.
A co-vereadora falou ainda do maior desafio para que se possa ter uma São Luís mais inclusiva. Para ela, a inclusão perpassa pela aprovação de um Plano Diretor que conte com a participação de toda a população ludovicense. “As pessoas com deficiência integram o todo da população, o todo da sociedade. Se não há participação, nas discussões, desse público, que é o maior atingindo por ausência de políticas públicas na Área, dificilmente a gente vai ter, de fato, uma cidade acessível e inclusiva. Esperamos que todos tenhamos esse olhar para as pessoas que têm situações de limitações ou algum tipo de deficiência. São elas que têm as respostas e sabem como está a situação delas em relação à cidade”, observou Eunice Che.
Outros pontos abordados pela co-vereadora sobre desafios à inclusão foram a acessibilidade e o atendimento em órgãos públicos da cidade. “É necessário que haja um atendimento mais
humanizado. É necessário que em cada espaço desse tenham profissionais que saibam lidar com pessoas que tenham algum tipo de deficiência e, inclusive, com autistas”, assinalou Eunice Che.
A parlamentar também falou como é a luta de pessoas com deficiência por todo o Brasil. “A luta do movimento no país, no Maranhão e em nossa capital é muito grande. Todos os anos a gente vê o quanto que esse movimento vai para a rua mostrar as deficiências que existem, por exemplo, nas paradas de ônibus, no trânsito, no transporte público. Inclusive, são poucos os motoristas de ônibus que têm a sensibilidade de passar em uma parada de ônibus e perceber que ali existe uma pessoa com deficiência e que esta pessoa precisa de um certo auxílio dele. É necessário este olhar sensível e humanizado para perceber que o cadeirante tem mais dificuldade para se deslocar, principalmente quando não existe ou não funciona o elevador que dá acesso do cadeirante da parada para o ônibus”, observou.
Como sugestão de melhoria para se ter uma sociedade mais inclusiva, Eunice Che sugeriu realização de diálogo entre gestão pública e sociedade. “Seria interessante a gestão pública dialogar com o público que possui limitações ou algum tipo de deficiência, com a própria sociedade. Como é que a sociedade pensa a pessoa com deficiência na cidade? Como é que a gestão pública pensa a deficiência na cidade? Nós que vivemos nos centros urbanos, nas periferias, na zona rural… como é que a gestão pública tem pensado essa questão da inclusão social e da mobilidade junto a esse público? Não basta eu construir leis sem a participação desse público, porque não sou eu quem vivencio as situações que eles passam no dia a dia”, alertou.
Executivo – Já o titular da Secretaria Municipal Extraordinária da Pessoa com Deficiência (Semepe), Carlivan Braga, que acompanhou a sessão ordinária de ontem, 22, na Casa, comentou as principais ações da Pasta em prol de maior inclusão social na Capital. Na ocasião, destacou a criação da Secretaria como a maior conquista obtida pelos deficientes de São Luís neste ano.
“Em 2021, posso dizer que a maior conquista e a 1ª conquista foi a criação da própria Secretaria, apesar de ela ser extraordinária. Contudo, toda Secretaria tem que ser iniciada assim, mas com o compromisso de ela se tornar ordinária e ter o orçamento próprio. Essa é uma conquista muito grande do movimento que há 12 anos vem lutando para que seja criada uma Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência em São Luís”, ressaltou Carlivan Braga.
O gestor ainda destacou ações e trabalhos realizados em articulação com demais órgãos públicos municipais e a entrega de espaços mais inclusivos à cidade. “Neste mês nosso prefeito entregou a reforma da residência inclusiva, que é um serviço feito pela Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social. Na semana passada, a Secretaria de Educação entregou nossa escola bilíngue. Temos aí mais de 80 alunos com deficiência, alunos surdos, e eles ficavam somente em 2 duas salinhas. Hoje, graças a Deus, temos uma escola que vai do 1º ao 6º ano toda bilíngue”, assinalou.
Ao finalizar, reforçou novamente o trabalho em conjunto com as demais secretarias e disse o que espera da atual gestão municipal. “A Semepe vem se articulando com todas as outras secretarias e está em constante construção. Podemos dizer que temos conseguido ganhos para o movimento. É importante frisar que ainda se tem muito a conquistar e fazer. Mas eu tenho muita fé e esperança. Nosso secretariado e nosso prefeito tem nos dado toda a oportunidade para fazer um bom trabalho. Ele fala que quer criar uma cidade mais humana e uma cidade mais humana, para ser humana de verdade, precisa ser acessível e inclusiva”, concluiu Carlivan Braga.