“O PDT é um partido vivo que
se mobiliza o ano todo na cidade”
O ano de 1989 foi extremamente marcante na vida do vereador Raimundo
Penha (PDT). De origem humilde, nascido no povoado quilombola de São
Félix, a 18 km da sede de Matinha, ainda menino, foi mandado pelos
pais para estudar em São Luís. O primeiro endereço foi no Anjo da
Guarda, na casa da madrinha de batismo. Naquele bairro, estudou no
colégio Japiassu e no Cema. Anos depois, foi transferido para a
residência de uma tia, no bairro da Liberdade.
Foi exatamente neste bairro, estudando na escola pública Nerval Lebre,
que começou a aflorar o sentimento de liderança do parlamentar. Além
de presidir o grêmio da escola, começou a participar de movimentos
comunitários e culturais.
Começava a ser forjada, ali, uma das maiores lideranças populares de
São Luís. A evolução pode ser constatada através do que veio a seguir.
Foi presidente da UMES, integrou a Juventude Pedetista, exerceu os cargos de secretário municipal de Esportes e presidente do instituto de Previdência e Assistência do Município—IPAM.
Na formatação de uma já irretocável biografia, aos 34 anos, Raimundo
Penha foi o quinto vereador mais votado no ano passado, conquistando
8.068 votos em sua primeira disputa a um cargo eletivo. O líder
estudantil chegou ao parlamento municipal fundamentado nas lutas de
base, nos movimentos populares e estudantis. Diz que não existe oligarquia do PDT na cidade, por conta das várias administrações conduzidas pela sigla em São Luís e destaca que o partido é forte na capital porque se mobiliza o ano inteiro.
Nesta entrevista ao Jornal da Câmara, destaca não haver sentido
dificuldades em sua linha de ação e faz uma avaliação do cenário
político atual.
JORNAL DA CÂMARA – O Parlamento é o que o senhor esperava?
RAIMUNDO PENHA- O Parlamento tem a sua função, tem o seu diferencial. Venho de outras experiências, como ativista de movimentos estudantis e populares e como integrante do Executivo, como secretário de Esportes e como presidente do IPAM. Já a Câmara Municipal é uma casa de equilíbrio, uma casa colegiada, com 31 parlamentares, todos no mesmo nível de hierarquia. Como o próprio presidente Astro de Ogum costuma dizer, o mandato de todos é do mesmo tamanho. Temos a Mesa Diretora, onde seus membros têm mais atribuições, mas todos estão no mesmo patamar.
Para aprovar qualquer matéria, o vereador tem que contar com o apoio dos demais colegas e isso é o fruto de democracia, fruto da união e a Câmara estabelece tudo isso. Estou gostando da experiência legislativa.
JORNAL DA CÂMARA –O senhor integra o PDT, foi membro da Juventude Pedetista. É um partido solidificado na cidade, por conta de sua forte militância, uma sigla que foi fundada no Maranhão pelo saudoso Jackson Lago, que foi prefeito em duas ocasiões, foi sucedido por Tadeu Palácio, seu correligionário e hoje tem, como prefeito outro pedetista, Edivaldo Holanda Júnior. Os adversários dizem que seu partido instalou uma oligarquia em São Luis…
RAIMUNDO PENHA- São concepções bem diferentes. O PDT, na realidade, desde a primeira administração do Doutor Jackson Lago, em vários momentos retomou o poder estando na oposição. Basta observar que o prefeito Edivaldo Holanda Júnior, quando conquistou a Prefeitura em 2012, com apoio do PDT, estava na oposição, quem estava como prefeito era o João Castelo. Naquele período, o prefeito estava no PTC, posteriormente é que se filiou no nosso partido.
Temos outros momentos, como em 1992, quando o Doutor Jackson apoiou a Conceição Andrade, ela se elegeu e depois não deu apoio a ele, na sua candidatura ao governo do Estado. Ela apoiou foi o Castelo, mas quem venceu foi o Jackson, que estava na oposição. Claro que existiram momentos contínuos, quando o Jackson saiu para disputar o governo e quem estava como vice dele era o Tadeu Palácio, que concluiu aquele mandato e depois se reelegeu, mas isso não define uma oligarquia. A diferença é que temos um partido vivo, com movimentos em todos os segmentos sociais e que se mobiliza durante o ano inteiro. O PDT se organiza para a vida da cidade é no dia a dia e não apenas em período eleitoral. Essa é a diferença. Não existe oligarquia no partido.
JORNAL DA CÂMARA –Dentre as propostas de sua autoria na Câmara Municipal, neste começo de mandato, quais o senhor destacaria como de maior impacto para a vida da cidade?
RAIMUNDO PENHA – Destacaria como mais importante, uma propositura que isenta de taxa, a religação de água e energia. É um grande debate para a sociedade. Explico na justificativa, que as operadoras de telefonia celular lhe oferecem uma série de vantagens, quando você fica inadimplente a linha é desligada, para que volte à operacionalidade. Agora imagine o que é o cidadão ficar sem água e luz? São serviços essenciais e essa taxa de religação deve ser extinta. Isso é extremamente injusto, principalmente em momento de crise, Ninguém deixa de pagar água e luz porque quer, isso é por falta de condições. Se não se consegue pagar pelo uso, como é que vai pagar uma taxa em cima do serviço?
É uma indicação que acho de extrema importância para as camadas mais carentes e o governo do Estado, com certeza deverá acatar, por conta de seu amplo alcance social.
Outra indicação que considero importante, diz respeito ao programa CNH Jovem, do governo estadual, que beneficia jovens de até 21 anos no que concerne à emissão de Carteira Nacional de Habilitação sem custos. Minha proposta é no sentido de ampliar o benefício para quem tem até 29 anos, conforme estabelece o Estatuto do Adolescente. Já falei com a diretora do Detran e ela se mostrou sensível. Acredito que o governador Flávio Dino também entenderá nossa linha de raciocínio, porque muita gente nessa faixa etária precisa desse e de outros benefícios. Milhares de jovens nessa faixa etária não tem condições de arcar com o custo para a emissão de uma CNH e precisam desse documento até para ingressar no mercado de trabalho.
JORNAL DA CÂMARA –Qual é a sua avaliação sobre a administração da administração municipal, sob o comando do pedetista Edivaldo Holanda Júnior?
RAIMUNDO PENHA –Gostaria de destacar, como ponto inicial, a crise econômica que vem assolando o país. O cidadão não tem conhecimento de como essa crise atinge o município de São Luís, com a iniciativa privada demitindo muita gente. O impacto é grande, porque a economia deixa de ser aquecida. O cidadão mora é no município, e explora todos os serviços na esfera municipal. É na Educação, na Saúde e serviços de infraestrutura.
Para que se tenha uma ideia, os recursos recebidos pelo município em 2017, são inferiores aos que a Prefeitura recebeu de janeiro a fevereiro de 2013. De lá pra cá, só os reajustes do salário mínimo provocaram grande solavanco na folha de pagamento. É como se uma dona de casa tivesse que administrar a família com os recursos em decadência. Tudo aumentou. Só conseguir saldar a folha de pagamento, já é um indício de boa gestão. Tracemos um parâmetro com o Distrito Federal, sem divisão política e com recursos concentrados, com aporte do governo federal, está anunciando parcelamento do salário do servidor. Em São Luís, já se adiantou a primeira parcela do 13 salário, e o prefeito está executando um conjunto de obras, como o Mais Asfalto, reforma de escolas e outros benefícios. São Luís está bem administrada.
JORNAL DA CÂMARA – E com relação ao governo Flávio Dino?
RAIMUNDO PENHA –O governador Flávio Dino recebeu um Estado acabado, um Estado em frangalhos e deu início a uma gestão inovadora sob todos os aspectos. Primeiramente passou a valorizar as pessoas, ao invés de obras faraônicas que quando conclusas fica difícil a manutenção.
Ele estabeleceu parcerias, está ajudando a Prefeitura, vem investindo forte na recuperação de escolas, firmando convênios com outros municípios. Na Ilha, está com o olhar voltado para São Luis, Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar. É uma administração forte, dinâmica e inovadora, com resultados positivos a olhos vistos.
JORNAL DA CÂMARA – O senhor chega ao primeiro mandato com uma exuberante votação, mais de 8 mil votos, sendo o quinto mais votado. Isso o estimula a tentar voo mais alto na política já para 2018?
RAIMUNDO PENHA –A primeira coisa que essa votação estimula é trabalhar para respaldar a confiança popular. 8.068 votos mostra que fui alvo dessa confiança e por isso tenho de corresponder aos anseios da população. A Câmara trabalha e é com afinco. Nossa missão é de fiscalizar, de exigir de formatar leis. Apresentamos nossas reivindicações e cabe ao Executivo acatá-las. Somos o político mais próximo do eleitor. Somos mais cobrados porque encontramos esse eleitor na feira, no shopping, no supermercado e em todo lugar.
Agora, com relação à sua pergunta, sobre se tentarei voos mais altos no próximo ano, digo aqui que não serei candidato a deputado e a qualquer outro cargo no próximo ano. Continuarei na Câmara, visitando os bairros e buscando soluções para os problemas da cidade junto com o povo.