Usando uma frase do professor Milton Santos, parlamentar afirmou que ética enviesada da sociedade branca desvia enfrentamento do problema negro
SÃO LUÍS: A vereadora Silvana Noely (PTB) registrou, em pronunciamento na sessão desta quarta-feira (19), na Câmara Municipal de São Luís (CMSL), os diversos casos de racismo que ocorreram ao longo desta semana, repudiando toda forma de discriminação e preconceito. A parlamentar se mostrou preocupada com essa situação que vem de alguns anos.
“Nessa semana tivemos dois casos de racismo de grande repercussão: do cantor Seu Jorge, que foi chamado de ‘macaco’, durante show em Porto Alegre; e da jogadora da Itália, Paola Egonu, uma das melhores jogadoras de vôlei do mundo, também foi vítima deste crime””, criticou.
A vereadora lastimou os inúmeros episódios de intolerância no Brasil e no mundo. Além disso, ela defendeu que o assunto seja mais discutido no parlamento, a partir da Frente Parlamentar pela Defesa e Promoção da Igualdade Étnico Racial.
“Eu gostaria muito que esta não fosse uma realidade, mas infelizmente, parte da população ainda insiste [em adotar essa prática criminosa]. Nós, a partir da Frente Parlamentar pela Defesa e Promoção da Igualdade Étnico Racial, vamos começar a debater este assunto nesta Casa”, completou.
Ética enviesada
Em seu discurso, Noely também destacou que já foi vítima do racismo estrutural – espécie de comportamento individual advindo de uma sociedade racista.
A parlamentar concluiu o pronunciamento usando uma frase do geógrafo e pensador brasileiro, professor Dr. Milton Santos, para falar como é ser negro no Brasil que, segundo ela, é com frequência, ser objeto de um olhar enviesado.
“Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros e assim tranquilamente se comporta. Logo, tanto é incômodo haver permanecido na base da pirâmide social quanto haver ‘subido na vida’”, finalizou.