Conclusões foram feitas durante audiência em que os secretários de Obras e Saúde prestaram esclarecimentos aos parlamentares
Os secretários municipais de Saúde (Semus), Joel Nunes, e de Obras e Serviços Públicos (Semosp), David Col Debella estiveram, nessa terça-feira (25), na Câmara Municipal de São Luís, por mais de quatro horas, para prestar esclarecimentos sobre a reforma do Hospital Dr. Odorico Amaral de Mattos (Hospital da Criança).
A convocação foi realizada por meio de requerimento de autoria do vereador Edson Gaguinho (União Brasil). Ao abrir a audiência pública, o presidente da Câmara, Francisco Chaguinhas (Podemos), explicou que a convocação ocorreu devido ao caso que envolveu a morte de um bebê indígena de 10 meses de vida na semana passada, ao dar entrada na UPA do Araçagi, em São José de Ribamar, após ter atendimento negado no Hospital da Criança, que passa por uma obra de ampliação há 10 anos.
Prazo para conclusão do serviço, montante de recursos repassado à Prefeitura de São Luís por atendimento da população referenciada de outros municípios em hospitais portas abertas, falta de transparência no contrato com a empresa responsável pela obra e medidas visando a transferência de pacientes para outras unidades dominaram a audiência com os secretários no plenário Simão Estácio da Silveira. Alguns parlamentares, entretanto, não ficaram satisfeitos com algumas respostas e apontaram que a falta de autonomia por parte da equipe do prefeito, vem contribuindo para atrapalhar as ações de importantes áreas da gestão.
Recurso de R$ 1 bilhão é suficiente
Autor do pedido de convocação, o vereador Edson Gaguinho ressaltou que o orçamento da Semus é de cerca de R$ 1 bilhão e que os recursos deveriam ser suficientes para atender as demandas do município visando evitar situações como a morte do bebê.
“Nós fomos fazer uma vistoria no Hospital da Criança, fomos no SAMU também e presenciamos o local funcionando de forma precária. Crianças sendo medicadas no corredor, sem lençol e faltando medicamentos. Com um orçamento tão grande desses, com tantos recursos, atendendo a população dessa maneira”, disse.
Obra estaria praticamente parada
Em seu pronunciamento, o vereador também questionou a situação da reforma do Hospital da Criança. “A gente não sabe da empresa, o que estão fazendo, o que estão entregando, quais as medições. Por esse motivo chamamos os secretários para
explicar essas questões. Durante uma vistoria recente, nós presenciamos a obra praticamente parada”, afirmou.
Crise na saúde e no transporte
Em sua participação, o vereador Raimundo Penha (PDT), ex-líder do governo na Câmara de São Luís, afirmou que a crise envolvendo a saúde e o sistema de transporte é fruto da falta de diálogo e liderança do prefeito Eduardo Braide (PSD).
Em seu discurso de quase 10 minutos, o pedetista lembrou que a cidade amanheceu sem ônibus, as unidades da rede municipal de saúde passam por problemas e a capital enfrenta o pior período de baixa arrecadação.
“Aquilo que eu falo fora do microfone, tenho coragem de repetir e acho que esse é um grande problema: hoje nosso prefeito não tem conseguido liderar e dialogar com a sociedade”, declarou Penha.
Debate sobre verdades e mentiras
No encontro, o vereador Nato Júnior (PDT) questionou os motivos que levaram a prefeitura ludovicense a recusar o pedido de ajuda. “Se existiu a visita técnica da Semus no Hospital Dr. Genésio Rêgo existia a predisposição por parte da prefeitura para fazer essa transferência, correto? E por que o município recusou a oferta?”, questionou.
No entanto, segundo o secretário Joel Nunes, o ex-secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, mentiu sobre a ajuda que fez à Prefeitura, em janeiro do ano passado, oferecendo o Hospital Dr. Genésio Rêgo para receber os pacientes do Hospital da Criança.
“Não é verdade que não houve tentativa por parte deste município ou por esta secretaria de ajudar na desocupação do hospital (…). A gente nunca recusou a oferta e os ofícios estão aí pedindo auxílio (…). O que houve por minha parte, foi eu falar para o secretário Carlos Lula, em dizer: é impossível terminar essa obra em 45 dias”, relatou Joel Nunes.
“O ex-secretário Carlos Lula tá mentindo, secretário?”, insistiu o parlamentar no questionamento. “Não tenha dúvidas”, confirmou o secretário.
Nem 45 dias e nem em um ano
Ao concluir sua participação no debate, Nato Júnior apontou a disputa política como agravante para a crise na unidade de saúde e afirmou, ao lembrar o discurso do secretário Joel Nunes para recusar a oferta feita pelo ex-secretário de Estado da Saúde – Carlos Lula pelo simples fato da promessa de concluir a obra em 45 dias, que a reforma iniciada no ano passado também não foi finalizada dentro do período prometido pelo prefeito Eduardo Braide (PSD).
“O que tem que ficar bem claro foi quem recusou, se foi Vossa Excelência [se dirigindo a Joel Nunes] ou se foi o prefeito de São Luís [Eduardo Braide]. Quem recusou a proposta do ex-secretário de saúde, Carlos Lula? Como foi dito aqui, anteriormente, pelo nobre colega vereador Raimundo Penha, até hoje a gente vai ficar no ar com a dúvida por que se a proposta foi feita para a obra ser concluída em 45 dias e não foi aceita, a gente não tem como saber se daria tempo ou não. Infelizmente não podemos voltar ao passado, mas o que fica no ar é a dúvida e a conclusão do Hospital da Criança: nem em 45 dias e nem em um ano”, concluiu.
Audiência transmitida pelo YouTube
A reunião que foi transmitida pelo canal da Câmara no YouTube, site e redes sociais da Casa, contou com a presença dos vereadores Astro de Ogum (PCdoB), Rosana da Saúde (Republicanos), Domingos Paz (Podemos), Fátima Araújo (PCdoB), Octávio Soeiro (Podemos), Nato Júnior (PDT), Marcelo Poeta (PCdoB), Álvaro Pires (PMN), Antônio Garcez (Agir) e Raimundo Penha (PDT).